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Comunicação Não Violenta

Os efeitos de gritar com seus filhos

A jornada da educação parental é cheia de desafios. Como pai ou mãe, é comum sentir-se sobrecarregado e acabar gritando com seus filhos. Mas é crucial explorarmos como nossas ações e palavras moldam o desenvolvimento emocional e comportamental de nossos filhos. O ato de gritar pode ter efeitos duradouros no comportamento e na saúde mental da criança.

Os pais tendem a gritar quando se sentem sobrecarregados ou irritados. No entanto, isso raramente resolve a situação. Gritar pode fazer com que as crianças fiquem quietas e obedeçam por um curto período, mas não fará com que elas corrijam seu comportamento ou atitudes. Em resumo, as ensina a terem medo de você em vez de entender as consequências de suas ações.

As crianças dependem de seus pais para aprender. Se a raiva e a agressão associadas, como gritar, fazem parte do que a criança percebe como “normal” em sua família, seu comportamento refletirá isso.

Sua responsabilidade número um como pai, depois de garantir a segurança de seus filhos, é gerenciar as suas próprias emoções.

Os Efeitos do Grito

“Aquele que se zanga, estraga o que quer que estivesse a construir”, disse o autor C.S. Lewis. Quando gritamos com nossos filhos, os efeitos vão além do momento de raiva. A pesquisa demonstra que o grito pode ter um impacto duradouro na saúde mental e emocional das crianças. Um estudo conduzido por Ming-Te Wang e Sarah Kenny, publicado no Journal of Child Development, sugere que crianças expostas a comportamentos agressivos, como gritos, podem desenvolver problemas emocionais e comportamentais, incluindo maior agressividade e dificuldade em regular suas emoções.

A calma, por outro lado, é reconfortante, o que faz com que as crianças se sintam amadas e aceitas, independentemente do mau comportamento.

Se gritar com as crianças não é uma boa coisa, gritar que vem acompanhado de insultos verbais e humilhação pode ser considerado abuso emocional. Isso tem efeitos a longo prazo, como ansiedade, baixa autoestima e aumento da agressividade.

Também faz com que as crianças sejam mais suscetíveis ao bullying, já que sua compreensão de limites saudáveis e auto-respeito são distorcidos.

A disciplina positiva oferece um caminho alternativo, incentivando a criação de um ambiente de aprendizado baseado no respeito mútuo e na comunicação eficaz. Ao invés de recorrer ao grito como forma de controle, a disciplina positiva nos convida a entender as necessidades subjacentes do comportamento da criança e a buscar soluções colaborativas. Como destacado por Jane Nelsen, autora de “Disciplina Positiva”, essa abordagem promove a construção de relacionamentos saudáveis e a autodisciplina nas crianças.

Crianças que têm uma forte conexão emocional com seus pais são mais fáceis de disciplinar. Quando as crianças se sentem seguras e amadas incondicionalmente, elas serão mais receptivas ao diálogo e ouvirão antes que um conflito se transforme em um episódio de gritos e raiva.

Aqui estão algumas maneiras de praticar disciplina positiva que não envolve gritar:

  1. Dê um tempo para si mesmo.
  2. Use reforço positivo.
  3. Dê instruções claras e específicas.
  4. Estabeleça limites e siga com as consequências.
  5. Use humor e brincadeiras para amenizar a tensão.

Lembre-se de que seu filho aprenderá com o seu exemplo. Gerenciando suas próprias emoções, você pode ensinar seu filho a gerenciar as suas.

Adele Faber e Elaine Mazlish, autoras de “Como Falar para Crianças Ouvirem e Ouvir para Crianças Falarem”, destacam a importância de validar os sentimentos da criança e oferecer alternativas construtivas para resolver conflitos.

Referências Bibliográficas:

  1. Wang, M., & Kenny, S. (2014). Longitudinal Links Between Fathers’ and Mothers’ Harsh Verbal Discipline and Adolescents’ Conduct Problems and Depressive Symptoms. Journal of Child Development, 85(3), 1068-1084.
  2. Nelsen, J., Lott, L., & Glenn, H. S. (2020). Disciplina Positiva. Editora Manole.
  3. Faber, A., & Mazlish, E. (2012). Como Falar para Crianças Ouvirem e Ouvir para Crianças Falarem. Editora Suma de Letras.

Melhore a comunicação com seus filhos: dicas práticas para pais

A comunicação é um elemento fundamental para um relacionamento saudável e duradouro entre pais e filhos. De acordo com a Bíblia, a comunicação em família é importante e pode nutrir o relacionamento entre pais e filhos. Na verdade, a comunicação é uma habilidade essencial para qualquer relacionamento interpessoal.

A boa comunicação começa com a presença. Quando seus filhos precisam conversar, esteja lá para eles. Deixe claro que você os ouve e que se importa com o que eles têm a dizer. Dê atenção e ouça sem interromper. Além disso, a comunicação não verbal, como o contato visual, o tom de voz e os gestos, também é importante para expressar exatamente o que você quer dizer.

Manter as emoções sob controle é outro aspecto importante da comunicação. É fácil se deixar levar pelas emoções, especialmente quando se trata de nossos filhos, mas é importante manter a calma e permanecer mente aberta em vez de pular para conclusões. Faça perguntas para esclarecer qualquer coisa que você esteja confuso e tente entender o ponto de vista do seu filho.

Crie um ambiente livre de julgamentos e críticas, onde seus filhos se sintam confortáveis em conversar sobre qualquer coisa. Seus filhos precisam saber que podem falar com você sem medo de serem criticados ou julgados. Eles precisam saber que você os aceita e os ama incondicionalmente, mesmo quando discorda deles.

Não se esqueça de ensinar valores importantes a seus filhos, como amor, bondade e paciência. A leitura da Bíblia juntos, a oração em família e a participação em atividades da igreja são ótimas maneiras de fazer isso, mas existem outras maneiras de ensinar valores importantes também. Procure exemplos na vida cotidiana e aproveite as oportunidades para ensinar seus filhos como serem pessoas melhores.

Lembre-se de incentivar seus filhos a serem abertos com você desde cedo e retribua sendo franco de maneira adequada para a idade. Mesmo quando seus filhos parecem não querer falar com você, eles ainda precisam da sua ajuda, conselhos e incentivo. Mantenha as linhas abertas de comunicação e construa uma base sólida para um relacionamento feliz e amoroso com seus filhos.

Por fim, é importante lembrar que a comunicação é uma habilidade que precisa ser desenvolvida e aprimorada ao longo do tempo. Não espere ser um mestre da comunicação de uma hora para outra. Pratique a comunicação com seus filhos todos os dias e, com o tempo, você se tornará um comunicador melhor e mais eficaz.

Criando Filhos Compassivamente

A dica de leitura de hoje é o livro “Criar filhos compassivamente: a perspectiva da Comunicação Não Violenta”, escrito por Marshall Rosenberg. É uma obra que me cativa desde o seu lançamento em português.

O livro é compacto e de leitura leve, mas não se engane, pois aborda temas profundos e significativos. O autor começa destacando o perigo de usar o termo “filho” como justificativa para tratar uma criança de maneira diferente, desumanizando-a. Essa reflexão permeia toda a obra.

Rosenberg nos ensina a enxergar a humanidade e dignidade em todas as pessoas, especialmente em nossos filhos. Ele explora os desafios da criação, onde muitas vezes esperamos que as crianças façam o que queremos, mesmo que isso signifique renunciar a si mesmas. É uma discussão sensível e profunda.

Aprender que não temos poder sobre nossos filhos, mas sim a responsabilidade de cultivar relacionamentos saudáveis, é uma lição que impacta toda a vida.

O autor questiona os limites da coerção, punição e recompensa na educação e ressalta a importância dos vínculos familiares de qualidade. A Comunicação Não Violenta (CNV) e a Disciplina Positiva (DP) estão alinhadas nessa visão.

Rosenberg nos incentiva a transformar nossa comunicação cotidiana com as crianças, demonstrando amor incondicional. Esse livro de pequenas dimensões tem o poder de tocar em feridas profundas e gerar grandes mudanças nas relações com nossos filhos.

Recomendo-o sem hesitar!

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